desabafo #2

Os sonhos começam na cabeça de cada um de nós, todos nós temos um lado sonhador, a diferença é que uns voam, outros aterram, uns são fortes, outros são medrosos, mas cada um de nós sonha. Neste momento não consigo ficar satisfeita com tudo o que tenho, há sempre algo que não me permite chegar ao patamar mais alto, há sempre um impedimento. Tudo parece que está bem e faço por não demonstrar a mágoa que por vezes sinto. Dói mais que uma ferida, mas não é visível. Se falta apenas uma escada para atingir o ponto máximo do que quero, então vem o vento, e faz-me descer dois degraus e luto, para ter força de voltar a subi-los. Chega a noite e dói mais, a ferida arde e derramo lágrimas de sofrimento. Aparentemente tenho tudo, tenho alguém que me faz imensamente feliz, tenho alguém que em quem posso confiar e alguém que sei, que a todo o custo, estará sempre presente para mim. Mas falta-me o essencial, falta-me a família que todos precisamos, falta o suporte. E eu não consigo viver apenas de três pessoas e de uma realidade diferente da minha. Posso até refugiar-me na fotografia para acalmar o sofrimento, posso até amar os meus melhores amigos e entregar-me ao meu namorado, mas não chega. Preciso que a minha mãe seja feliz, equilibrada e realizada, tudo menos como agora se encontra, presa a um passado infeliz, com uma vida ora mil, ora menos um e com um marido que não a respeita. Preciso de um pai atento, que chegue a casa a horas, que me leve à escola, que me fale, me compreenda, preciso de alguém a quem me orgulhe de chamar pai. Sou filha única, não gosto de partilhar, porque é que tentas de tudo para me ver triste, pai? Porque é que não me deixas ficar calma e tranquila por um tempo? Apesar de seres quem és, não tens o direito de estragar a minha vida, não podes, não quero. Finges que está tudo bem, mas a cada dia que passa perdes-me mais, e se já não me tens, então já começas a entrar pela negativa. Gostava de te poder dar mais de mim, gostava de poder afirmar que tenho uma família que me orgulhe, e mal fizer dezoito anos, vou roubar-te a mãe e fazer com que ela reconstrua a sua vida. Não vou deixar, por muito mais tempo, que arruínes tudo. Cansei-me de te obedecer e ficar calada, não vais conseguir mudar-me, eu vou alcançar a maior felicidade e um dia, quando apareces a minha frente, vou mostrar-te que não precisei de um pai para ser alguém na vida. Não sou forte, corajosa, mas tenho atitude e de mim, nem tu a levas.

ps: somos uma família cada vez maior, meus queridos seguidores! ♥